sexta-feira, 24 de junho de 2011

POMBO-CORREIO ....TRAZ CD....

DO: A MINHA TRAVESSA DO FERREIRA
AO: DA CADEIRINHA DE ARRUAR

No dia 15/06/2011, precisamente as 16:12:33 (hora de Portugal)
o querido  Ferreiramigo (ou sua secretária) postou um  CD igualzinho ao da foto
nos Correios.Este foi o prêmio a que eu fiz jus no último Concurso
promovido pela queridíssima Travessa. O tão "badalado" CD chegou-me
hoje, dia 24/06/2012, precisamente as 16: 13: 32 segundos.(hora do Brasil).
(Foto: do google)


Foi tanta, a demora na entrega do CD, que há de se
suspeitar que ele veio, mesmo, via pombo-correio.Mas, pensando
bem, foram apenas 10 dias de viagem... O bom, é que
aprendi muito sobre Columbiofilia, antes de ouvir as
maravilhosas músicas portuguesas....
(foto: do blog  Da Boua)

Bem, meus amigos, principalmente os amigos de Henrique
ANTUNES FERREIRA, o querido Ferreiramigo, do blog  A
esta postagem de hoje, é para demonstrar a minha forte amizade
a ele - até porque ele é casado com uma goesa e eu com um goês,
isso não é nada "normal", entre dois amigos virtuais(por enquanto) rsrsrs...De Goa, importamos nossos cônjuges..... pode???
Estava tudo muito bem, até eu ganhar o 2º concurso, consecutivo,
da Travessa. No anterior, ganhei um livro- "Eurico, o Presbítero",
que eu lera na "flor da idade", na biblioteca de meu pai...adorei recebê-lo, para reler. Então, veio o outro concurso e eu ganho, de
prêmio, um CD, com músicas portuguesas, que também adoro...
O livro, chegou em 5 ou 6 dias... Como o CD estava demorando
a chegar, ficamos, Fereiramigo e eu, a escrever comentários brincalhões, sobre o já famoso, "mal servidor" ,correios brasileiro(tem o s, concordando? rsrs). Até que, agora, desencantou, e
o tal CD aparece, mesmo, pelo lindinho Pombo-Correio...rsrs

Para completar meu discusrso homenageatório, ao Portugamigo,
tenho que lhes mostrar parte da pesquisa que fiz sobre pombos-correio.
Saibam, amigos que não sabem, que existe, na net, o fórum de columbiofilia.net. onde se encontram os que dedicam muito de
seu tempo aos pombos-correios. Na página de Carlos Carvalho Fragoso Barcelos li: "Columbiofilia, mais que um Desporto: uma paixão"....
Já no blog Da Buoa, de onde retirei o pombo-correio que
ilustra este post,há uma científica explicação para as entregas
certinhas das encomendas, por esses mimosos bichinhos, vejam aí:

A ORIENTAÇÃO DO POMBO-CORREIO

"Há muitos anos, quando não existia correio nem internet, as pessoas usavam pombos para enviar mensagens, que chegavam
direitinho ao seu destino. O que ninguém entendia era como as aves viajavam longas distâncias e sabiam voltar para casa....Pois foi isso que os cientistas da Universidade Auckland, na Nova Zelândia (.......)Sabiam, que os pombos-correios têm algo parecido com uma bússola no bico? "....

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Nota: quero sugerir, ao Ferreiramigo,que, a partir do próximo
Concurso/Passa-Tempo, quem já foi agraciado com 2 pêmios,
seja "vetada" a sua participação, ou, que esta seja hours concours.

Principalmente para quem mora tão longe, como eu....afinal, não quero que o Ferreiramigo venha a decretar "falência no
bolso", diante dessas despesas imensas com "pombos- correios"....

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Eu vou, mas volto............................................um abraço!















sábado, 18 de junho de 2011

ACTAS DIURNAS : DENDÉ ARCOVERDE (II)

(IN) SAGA DE UMA FAMÍLIA (IV)
Barra do Cunhaú, no município de Canguaretama-RN (Brasil),
vendo-se as margens do Rio Cunhaú...
(Foto: google)


A "mancha" vermelha, na forma de um "avião", é o município de Canguaretema. É natural, que se queira
dar formas às coisas, objetos, desenhos e tal...Vejo, no mapa do Rio Grande do Norte (RN), um elefante,
sentado. Canguaretama, fica limítrofe com a Paraiba (PB), na parte Sul. Ao Norte, o seu limite é com o
Ceará (CE). NOTA: em 2007, quando viajei a  Canguretama, fiz o transcurso ,Fortaleza(CE)-Natal (RN),
de avião ( 45 minutos de vôo). No aeroporto, alugamos um carro, meu marido e eu, indo direto para a
Barra do Cunhaú, onde estava reservado um apartamento, em uma pousada. Ficamos lá, apenas dois dias.
A Barra do Cunhaú, é um dos lugares mais lindos que já conheci, no litoral brasileiro. Canguaretama, fica a 
87 kms.de Natal, capital do RN. A Barra do Cunhaú , dista cerca de 5kms. de Vila Flor, e 18kms. do
centro de Canguaretama. (Foto: de Raphael Lorenzeto de Abreu - Wikipédia)




Barra do Cunhaú (Foto: Google)
Barra do Cunhaú(Foto: google)

Por volta de 1550, marinheiros de Dunquerque encalharam na foz
do Rio Cunhaú. Enquanto esperavam resgate, construiram, com as
pedras que haviam em volta, o Forte da Barra do Cunhaú. Depois
que se retiraram, passou a ser usado para defesa do Engenho Cunhaú,
distante 18 quilômetros.Durante a Invasão Holandesa, foi atacado
duas veses. Os únicos vestígios hoje, são os canhões. O forte, teria
sido a primeira obra arquitetônica, no Rio Grande do Norte.
(Foto: do google)


Local onde existia o Forte da Barra do Cunhaú. (Foto:do google)




Embarcação, para  passeios turísticos, que fazem a travessia pelo
Rio Cunhaú, passando por mangues, e levando à praias distantes,
como Baia Formosa, na Paraiba (limite com RN) . (Foto: google)
Barra do Cunhaú. Local de onde saem as barcas, para a
travessia, no Rio Cunhaú. Os passeios turísticos, são
diários. (Foto: do google)

Desenho, do Engenho Cunhaú, feito pelo desenhista holandez,
Frans Post(1612-1681), que ficou a serviço de Maurício
de Nassau, para retratar cenas brasileiras.Frans Post chegou ao
Brasil em 1636...NOTA: observem a Capela do Cunhaú,
à esquerda, vendo-se a  sua lateral, estando sua frente bem
junto à casa. A Casa-Grande, foi destruida, depois da morte
do último "Senhor do Cunhaú", Dendé Arcoverde (André de
Albuquerque Maranhão Arcoverde), para a construção de
uma usina. Hoje, não mais existe a usina, apenas a capela,
que esteve em ruinas, mas foi totalmente reconstituida e
tombada pelo IPHAN, nos anos 1980...
(Foto: Wikipédia)



Frans  Post (1618-1681), desenhista holandez, que
esteve a serviço de Nassau, para "retratar", em
desenhos, cenas brasileiras, principalmente do
Norteste brasileiro. Chegou, ao Brasil, em 1636.
(Foto: Wikipédia)

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DENDÉ ARCOVERDE (II)

De estatura acima da mediana, robusto e bem conformado,
Dendé Arcoverde tinha os ombros amplos e o torax saliente, dispunha de força incrível, cavaleiro emérito e atirador maravilhoso. Pulava agilmente uma janela, de costas. A barba negra curta, rente à face vermelho-clara, fazia ressaltar a dentadura perfeita, branca como côco ralado. A voz é alta, estertórica, audível à distâncias que as lendas multiplicam. Os olhos rasgados, enormes, negros e luminosos, faiscavam de irritação conínua. A esclerótica, raiada de sangue, é um distintivo que transmitiu aos seus bastardos.
Morou sempre em Cunhaú onde tinha uma "parte" herdada de sua Mãe, cujo inventário é de 1846. Só arrendou as "partes" de seu tio, o Capitão-Mór André de "Estivas" e de seu primo, o Comendador André D'Albuquerque Maranhão, de "Itapecerica", em 1851. Cunhaú estava no centro de suas terras. Englobavam-se nelas a "usina Maranhão", "Bom Passar", "Torre", Antônio Freire", "Areré", "Mangueira", "Cruzeiro", "Estrela". Tudo era Cunhaú. Até a extensão verdejante do "sítio Estrela", se incluia na denominação do engenho tradicional. Derredor dessa região rodava o Mêdo...
Criminoso que tocasse, ao menos tocasse, uma estaca do Cunhaú, estava valido. Não havia "força do Governo" que se atrevesse a perseguí-lo. A casa-grnade ficava circundada de choupanas onde se acoitavam os "fora da lei", fanáticos pelo brigadeiro, sombra do seu braço.
Depois do jantar, até às trindades, o Brigadeiro, todo vestido de branco, passeava ao escurecer na calçada imensa da residência. Quem tinha negócio e não era pessoa de merecimento, alinhava-se junto aos outros pretendentes, esperando que um olhar casual do Brigadeiro pousasse nele. Ninguém ousava dirigir-lhe a palavra e sim responder. Mas, fosse como fosse, não deixavam de ter negócio e "trato" com ele. Não perdoava dívidas nem ficava devendo.
Foi o vingador de André d'Albuquerque, seu tio, assassinado
em abril de 1817. Voltando d'Europa e sabendo minuciosamente a morte do parente, inqueriu da vida do matador.Disseram que uma tentativa a tiro havia falhado. Dendé, reprovou a técnica.

- Qual tiro! Tiro, faz barulho e assombra a caca.
Vamos à faca. É silencioso e seguro.              
Procurou informar-se. Apontaram vários nomes, como responsáveis. João  Alves de  Quental esporeára o cadáver. Francisco Felipe da Fonseca Pinto, o alfaiate Costa Bandeira.
falaram do tenente-coronel Antônio José Leite de Pinho.

- Eu não quero saber dos outros acusados. Ferissem ou não, certamente ficaram com medo da vinganaça. O que eu desejo saber é quem pregou  uma medalha no peito e cercou as mangas de galões por ter assassinado um  Cunhauzeiro. Quem aproveitou do crime é que é o principal criminoso.
Mandou um negro e um caboclo matarem à faca o coronel
Leite de Pinho. Entrgou-lhes facas de prata, dizem que envenenadas. Prometeu que nunca mais teriam necesidade de cousa alguma se trouxecem as orêlhas do coronel. Os dois mandatários espreitaram Leite de Pinho durante horas.
Numa tarde de procissão terminada a cerimônia, o coronel deitou-se num tapete, diante da casa, na atual praça 7 de Setembro, em Natal, tomando fresco, e brincando com um neto. Os dois enviados do Cunhaú cairam sobre ele numa luta feroz e  rapida. Não lhe poderam cortar a orêlha, mas deixaram as facas enterradas no ferido, e fugiram. Leite de Pinho faleceu na madrugada de 15 de março de 1834.
Dendé recompensou seriamente os dois asseclas, mandou
sepultar o negro, vivo, perto da Casa-Grande do Cunhaú e plantou um coqueiro em cima do túmulo. O caboclo foi empalado na Mata das Varas e o corpo mumificado, até poucos anos espavoria os lenhadores. Cumprira a promessa. Caboclo e negro nunca mais tiveram necessidade de cousa alguma...
É a façanha mais antiga de Dendé, sua "entrada" solene no memorial truculento em que é recordado.
Ignoro a origem do seu tratamento de "Brigadeiro". Debalde, a meu pedido, o saudoso general Luiz Sombra rebuscou arquivos militares no Rio de Janeiro. Não há o menor vestígio de razão nesse título altissonante correspondente ao nosso "General de Brigada". Mas "Brigadeiro" é com Dendé Arcoverde é citado em toda a região de seu prestigioso renome. Substitui quase o nome. Dizem, comumente "o Brigadeiro", e já se sabe que a evocação se refere ao impetuoso senhor do Cunhaú. De onde, e porque lhe veio o tratamento militar, quais os serviços para merecê-lo, em que época recebeu a mercê honorária, não sei. Não foi possível, apesar das pesquisas, saber.
O homem de confiança do Brigadeiro Dendé Arcoverde
era o negro Simplício, conhecido por "Cobra Verde", alto, magro,, sério como um ídolo, ágil como o vento. Era o melhor atirador dos arredores e nunca errou um tiro. Sua arma especial era uma carabina Minié batizada por "Meio berro", porque matara uma novilha antes do animal acabar o berro iniciado. Um bastardo de Dendé, Afonso Arcoverde, presenteou a arma ao Cel. Felipe Ferreira, de "Mangabeira" e este oferecu-m'a.  Dei-a ao Instituto  Histórico do Rio Grande do Norte, onde se encontra.
O negro Simplício depois da morte do Brigadeiro, deixou a Prvíncia e se instalou num casa que erguera no meio do mato, como um bicho saudoso da solidão e do mistério. Não admitia visitas e andava sempre armado. Jamais falava no nome do amo, a quem adorava. Morreu no dia do Natal de 1896, quando completava  cem anos, data predita por ele como sendo de sua morte. Está sepultado em Mataraca, na Paraiba.

(08.05.1941)

FONTE: "O Livro das Velhas Figuras" , vol. 3, Luis da CÂMARA
CASCUDO, Natal: IHGRN, 1977.

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NOTA: Na próxima postagem, publicarei a III ACTA DIURNA,
de autoria de Luis da CÂMARA CASCUDO, relativa a Dendé do Cunhaú...


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Estou indo, agora,.................................mas volto, um abraço!








sexta-feira, 10 de junho de 2011

ACTAS DIURNAS : DENDÉ ARCOVERDE (I)


(IN) SAGA DE UMA FAMÍLIA ( III)

Luis da CÂMARA CSCUDO, como fazia  meu pai, escrevendo
à máquina, com os "indicadores". Não há registro de meu pai, assim,
nos escritos...Quero reverenciar aqui, mais uma vez, este grande
pesquisador potiguar. Sem as suas informações, escritas a meu pai, eu
não estaria escrevendo estas postagens "batizadas" de SAGA
DE UMA FAMÍLIA... Sem as ACTAS DIURNAS,
eu não conheceria o "perfil" de "Dendé Arcoverde".
(Foto: "salva" no google")

Capela do Cunhaú- RN'(no antigo engenho) onde ocorreu, em 1645, o
"Massacre do Cunhaú". Ela fiicou em ruinas, vindo a ser restaurada
e tombada, pelo IPHAN . Nesta capela, foi enterrado André de
Albuquerque Maranhão Arcoverde, além de outros membrso da
família Albuquerque Maranhão, "senhores" do Engenho Cunhaú.
(Foto: Elizete Arantes - Blog da Professora Elizete Arantes).




Capela do Engenho Tamatanduba,RN, sítio onde
viveram meus bisavós, até 1842, quando a famíla
emigrou para o Ceará, após o assassinato de meu
bisavô, Vicente Ferreira de Paiva, a mando de
André de Albuquerque Maranhão Arcoverde,
o Dendé do Cunhaú.  NOTA: os dois sítios
são vizinhos. (Foto: Lúcia Paiva)

Altar da Capela do Cunhaú (N. S. das Candeias).
(Foto: Elizete Arantes - blog Professora Elizete Arantes)


Ruinas da Capela de Tamatanduda (no antigo engenho), em ruinas.
NOTA: No sítio, há moradores, cuja casa fica na frente, próxima
à beira da estrada, onde se enconta a famosa "Ladeira do Suspiro",
cuja descrição, por Câmara Cascudo, está na postagem do dia 
04-06-2011no  post LADEIRA DO SUSPIRO (IN)
SAGA DE UM A FAMÍLIA (II), neste blog.
(Foto: Lúcia Paiva- Em 2007)  

ACTAS DIURNAS- artigos escritos, por Luis da CÂMARA CASCUDO, de 1939 a 1960 em jornais de Natal- RN :
A República e o Diário de Natal.
Sobre Dendé Arcoverde, Cascudo escreveu 3 actas, ao menos...
que transcreverei, aqui, a partir de hoje. Segue, a primeira:

DENDÉ ARCOVERDE ( I )                       

André d'Albuquerque Maranhão Arcoverde nasceu
no engenho Cunhaú, freguesia de Nossa Senhora do Desterro de
Vila Flor, termo de Goianinha, no ano de 1797. Era o segundo filho do tenente-coronel José Inácio d'Albuquerque Maranhão e de d. Luiza Antônia, irmã de André d'Albuquerque, o desgraçado chefe da revolução de 1817 no Rio Grande do Norte.
Teve a meninice tradicional dos meninos ricos, filhos de
fidalgos, donos de engenho. Correu a cavalo, saltou porteiras, armou arapucas, pulou os córregos, tomou banhos no rio Piquiri, sesteou debaixo das sombras das velhas árvores, formou batalhão com os moleques da redondeza, esmurrou os primos, indigestou de bolo-preto e doce-seco, trepou nos coqueiros, assustou as matronas, dormiu cansado...
O pai, homem austero e poucas falas, de manso trato e ameno
viver, era governado pela mulher, dona Luzia Antônia, enérgica e voluntariosa, chamada o Homem da Família, de quem o filho herdaria a melhor parte de seu gênio impulsivo. Ao entrar na mocidade, José Inácio mandou Dendé, como todos o conheciam, para a Europa, aos estudos. Estudar o quê? Leis? Cânones? Medicina? Não se sabe. Portugal era o viveiro onde se implumavam os borla-e-capêlo da época. Ignora-se o país onde Dendé Arco Verde fôra estudar. Dona Isabel Gondim afirma ter sido Paris. Alberto Maranhão informa que a Alemanha. Creio em Portugal. Portugal era a Europa para quase todos os aristocratas antigos.
Em 1817, estava na Europa quando a revolução estourou.
Quando regressara ao Brasil? Não se sabe ainda. Suas notícias iniciais são de 1830. Voltando ao Cunhaú não trouxe diploma nem curso feito mas vinha com uma mentalidade formada e concluida. Não há alteração daí em diante nos seus modos e procedimento.Há nele a imutabilidade dos temperamentos decisivos.
É a mais estranha e sugestiva das figuras da Casa do
do Cunhaú. Em toda a zona agreste do Rio Grande do Norte não há quem lhe desconheça o nome e não saiba uma sua façanha. Quase oitenta anos depois de sua morte, ainda o povo lhe cita o nome com respeito supersticioso. Indicam todos os recantos de sua morada, os caminhos percorridos, os crimes, a coragem, o arrojo irreprimível. Hoje, como há mais de meio século após seu passamento, todos os trabalhadores, de dois municípios, só aludiam à sua pessoa, com um vagar amendrontado, dando, invariavelmente, o tratamento oficial, "o Brigadeiro". E a voz cava estava traindo uma longa capitalização de obediência espontânea.
Dendé Arcoverde é um puro homem da Renascença, sem medo, sem pudor, sem respeito, sem superstição,  despido de preconceitos, sem temer a Lei, nem o Imperador, nem à Polícia, nem ao Gabinete Ministerial, nem inimigos, vinganças, ódios. Insensível, superior, desdenhoso, atrevido, incapaz de compreender os limites de sua vontade, ciente, integral que seu direito ia até as fronteiras de sua força ele nã tem remorsos nem piedades inferiores. Deliberando, executa,com  a precisão, a nitidez, a naturalidade de uma função normal. Tudo nele é natural, próprio, congênito, Diz o que quer, manda avisar a morte, intima que alguém deixe a casa e se mude, chibateia, surra, tortura, mata a punhal, a tiro, a veneno, comanda um exército de escravos ou pratica, sosinho, o ato, sem um arrepio na face, imóvel e magnifica, como um autêntico barão feudal, um verdadeiro Herrenmeister, pulso forte, coração de bronze, ao sol tropical do Brasil.
Tem, igualmente, conservadas, ciosamente, as virtudes de sua Raça. É faustoso, amante do ceimonilal, generoso hospedador, respeitando, como a um rito religioso, o próprio inimigo que se acolhesse à sua residência, dando, apenas, o número de dias bastantes para que se puzesse a salvamento da alcatéia que sacudiria em perseguição inexorável.
Não o podemos enquadrar  dentro das regras da Moral
e da Lei. Dendé Arcoverde é uma exceção, o Homem Forte institivo, arrebatado, feroz, cavalheresco, impressionável, magnífico de valentia, de atrevimento, de loucura pessoal. Não sofre um insulto. Não tolera um recalque. Não renuncia ao menor desejo. Veio, como Cezar Bórgia, trazendo o "humanismo", o Homem natural e vivendo pelas leis-dos-homens. Como Cezar Bórgia, despareceu numa tragédia pequenina, inferior aos seus méritos reais de impulsão e de vontade.

( 6. 5. 1941)

FONTE: "O Livro das Velhas Figuras", vol. 3, Luis da CÂMARA
CASCUDO, Natal: IHGRN, 1977.


Definição do VERBETE "Cunhaú", no livro "Nomes da Terra"-
Luis da CÂMARA CASCUDO , História, Geografia e Toponímia do Rio Grande do Norte - Natal, FJA, 1968.

CUNHAÚ  - Povoação de Canguaretama, tornada heróica pelo sacrifício de moradores, às mãos dos janduís, chefiados pelo delegado holandês Jacob Rabin, por ocasião da missa dominical celebrada pelo padre André de Soveral, também assassinado, aos 73 anos.

NOTA:A Capela do Cunhaú, segundo historiadores, foi quase
toalmente destruida, na famigerada chacina, ocorrida  em 16 de junho de 1645, quando da Invasão Holandesa. Foi recuperada,
depois da expulsão dos Holandeses, voltando para o domínio da famíla Albuquerque Maranhão. Com o final daquela oligarquia, acaba o Engenho, a capela fica em ruinas.
Nos anos 1960, houve interesse em recuperar a capela, para
"venerar" os mártires do massacre. O IPHAN tombou a capela do Cunhaú na década de 1980. Quero crer, que a capela do Engenho Tamatanduba seja, relativamente, da mesma época, pelo estilo arquitetônico semelhante. Solicitei, ao IPHAN uma avaliação.
Quem sabe, um dia, também terá seu tombamento, como um
patrimônio histórico/ cultural? Com a "palavra",
o IPHAN, do Rio Grande do Norte...









Já estou indo, mas eu volto.......................um abraço!





quinta-feira, 9 de junho de 2011

ATENÇÃO: PROCUREM e (PER) SIGAM ! ! !

ESTE É O "CARA" !
PISTA : Foi visto na TRAVESSA DO FERREIRA
http://aminhatravessadoferreira.blogspot.com/

Gente, pode crer, esse cara, além de ser portuga, é
um baita escrivinhador...MAIS: promove cada
concurso, FACINHO, FACINHO , dá prêmios,
aos 10 primeiros e ainda envia, pelos correios...
O mais importante, é que os mimos, oferecidos,
são ALIMENTOS PARA O ESPÍRITO.
"Modéstia à parte", já ganhei dois: 1 livro e 1
CD. O livro, foi "Eurico, O Presbítero" , do grande
Alexandre Herculano (portuga, como esse "cara").
O CD, ainda é surpresa, está atravessando os
"verdes mares bravios, da minha terra natal"...

Quero dizer, aqui, do meu "muito obrigada", ao querido Ferreiramigo. Dizer que adoro participar dos Concursos/ Passa-Tempo, na Travessa do Ferreira, agradecer aos (per)seguidores
da Travessa, pelos parabéns e a boa "convivência"  alí...
Meus parabéns, aos demais contemplados no último concurso.

Os comentários, que na Travessa são feitos, bem diz do clima
de amizade saudável que alí se instalou. Todos, amamos a consorte
do Ferreiramigo, a querida Raquel, cujo aniversário
transcorreu ontem. Quem lá esteve, ontem e hoje, leu os envios
de felicitações à Raquel (a quem chamo de Kel, com todo o
o meu fraterno carinho).
Amo Portugal,...considero-o minha pátria...somos de
uma única terra, o Atlântico aí está para embelezar a paisagem,
dos dois lindos países irmãos....
Minhas idas, à Travessa do Ferreira e a outros blog's portugueses,
me fazem viajar continuamete à Europa, onde Portugal é a
porta de entrada, para nós, brasileiros....TENHO DITO!!!








Espero voltar amanhã, com "SAGA DE UMA FAMÍLIA" (III)...
...um abraço!

sábado, 4 de junho de 2011

LADEIRA DO SUSPIRO

(IN) SAGA DE UMA  FAMÍLIA (II)

 Capela do ENGENHO TAMATANDUBA
(antigo), em Canguaretama, onde hoje é
a sede do município, que foi em Vila Flor,
no povoado de Pedro Velho, RN- Brasil
(Foto : Lúcia Paiva)

Estou aí, em meio ao sítio TAMATANDUBA, onde existia engenho,
até o século XIX. O caminho, visto atrás de mim, leva à igreja,
hoje em ruinas. Passados 169 anos do assassinato de meu
bisvô/trisavô, sou a 1ª pessoa , da Família Paiva à retornar
ao antigo engenho, de onde emigraou a família, para o Ceará.
(Foto: Francisco Galvão)

Parte interna da capela, tomada pelo mato, totalmente sem
telhado, abandonada, "ao Deus dará"...Em abril, de 2007,
escrevi carta à Coordenadora Regional do INPHAN-RN,
para uma avaliação e, possível restauração. A resposta,
prometia visitação para breve....Nada foi feito.
(Foto : Lúcia Paiva)

Parte frontal supeior da capela,com data que, parece, ser 1831,
não consegui apurar a data precisa. Mas, tenho a convicção que
meus familiares, aí ,faziam suas orações... Por esta época, os
mortos eram enterrados em volta, ou dentro, da igreja. Quando
aí estive, com meu marido e um amigo, ficamos surpresos com
a quantidade de ossos humanos "à flor" da terra em que  pisávamos.
Além de um punhado de terra, que trouxe comigo para o Ceará,
 fotografei alguns ossos, que estão na foto abaixo, trazendo 2
ossos, junto à terra, na bagagem (Foto: Lúcia Paiva)

Eram muitos, os ossos que víamos, em toda a volta da capela.
Pensando que fossem de animais, indaguei ao amigo, Prof. Francisco
Galvão, se seriam de animais ou humanos. Pesquisador e Historiador,
nascido em Canguaretama e profundo conhecedor da história de
sua cidade, Galvão respondeu que eram humanos, explicando o
costume da época  em enterrar os mortos dentro ou próximo
às igrejas. Depois da foto, guardei 2 dos ossos trazendo-os para
estudo. Confirmado: ossos humanos e de crianças...
(Foto: Lúcia Paiva )

VIla Flor, homônima, como inúmeras outras, da
cidade potruguesa, é a antiga sede do município,
que hoje é Canguaretama. Estou aí, no meio da
estrada que, à minha direita leva à
Barra do Cunhaú e, à esquerda, à Canguaretama,
A 10 km, ficam os  dois engenhos (antigos) : o Engenho
do Cunhaú e o Engenho Tamatanduba, no
povoado de Pedro Velho
(Foto: Gambeta Rodrigues)

Câmara Cascudo define LADEIRA DO SUSPIRO, em  verbete:

TAMATANDUBA - Povoação de Pedro Velho. De tamatan-tiba,
o lugar dos tamuatás, o peixe Cataphractus callicythys.
Camboatá, Camuatá, Cametá, Tamatá. Ver CAMETÁ.
Entre essa povoação e Cunhaú, ficava a famosa LADEIRA DO
SUSPIRO, recordando a luta feroz entre Antônio Pereira de Brito Paiva(1811-1901) e André de Albuquerque Maranhão Arco-Verde, (1797-1857), de 1838 a 1844. Transitava-se pela sinistra passagem anunciando-se pelo canto e assobios, sob pena de ser alvo das descargas dos assalariados das duas facções, ocultos nas margens da estrada. Lagoa em São José de Mipibu.
(Nomes da Terra: História, Geografia e Toponímia do Rio Grande do Norte- Luis da CÂMARA CASCUDO, Natal, FJA, 1968).

A SAGA da Familia Paiva, na verdade, "nasce" a partir da morte
de Vicente Ferreira de Paiva, a mando de André de Albuquerque Maranhão Arcoverde, o "Dendé do Cunhaú", o "Brigadeiro",
inimigo ferrenho de Antônio Pereira de Brito Paiva, filho do
assassinado. Mandar matar, o pai do "opositor", foi uma forma de o "Brigadeiro" mostrar todo o seu poder. Brito Paiva, desenvolvia
agricultura, no Engenho Tamatanduba, que fora "arrendado" ao vizinho, que se tornou seu inimigo. Lá, morava com o pai, que o ajudava, a amadrasta, irmãos e parentes..., além dos escravos...
Dendé do Cunhaú, era o Senhor de todas aquelas terras, herdadas
das Capitanias Hereditárias. Era êle descendente direto de Jerônimo de Albuquerque Maranhão, filho do primeiro Jerônimo de Albuquerque, que veio de Portugal com o cunhado,
Duarte Coelho, primeiro Donatário da Capitania de Pernambuco.
Para se entender, toda a saga da Familia Paiva, é imprescidível se conhecer o perfil de Dendé do Cunhaú e o perfil de Brito Paiva...
Em "Actas Diurnas", Câmara Cascudo descreve, detalhadamente,
o perfil de Dendé do Cunhaú. Em "Notas sobre Canguaretama", Antônio Fagundes traça o perfil de Brito Paiva...É o que lerão,
nos próximos capítulos...

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Carta de DALIANA CASCUDO,  a mim, referente à Actas Diurnas:

Natal,19 de julho de 2007
                                                      
Prezada Lúcia:

Foi com prazer e surpresa que recebi a sua carta, singela e manuscrita, como não vemos mais hoje em dia. Escrever cartas
à mão é um hábito que quase ninguém mais tem, o que é uma pena.
É algo pessoal e intransferível, que mostra muito de quem escreve. O meu avô foi um correspondente contumaz e o seu acervo de correspondência abriga mais de 15.000 CARTAS.
Achei muito legal você ter conhecido o meu avô. Quando veio ao
Memorial Câmara Cascudo? Não me recordo de sua visita...
Você tem raízes potiguares , vinda de bisavós paternos, que são
interessantíssimas.
Agora, vamos às suas solicitações. Sobre a carta enviada por seu pai para o meu avô, terei o maior prazer em enviar uma cópia. A questão é a seguinte: O acervo de correspondências possui 15;000 CARTAS e está organizado por ano. Não temos ainda este acervo digitalizado, o que torna a pesquisa totalmente manual e demorada. Portanto, terei que procurar neste acervo a carta que
você me solicita, o que pode demorar um certo tempo.
Sobre as Actas Diurnas que falam sobre Dendé Arcoverde, encontri no "O Livro das Velhas Figuras", vol. 3, que é a reunião destes artigos de jornais, as actas (I), de 6 de maio de 1941, (II) de 8 de maio de 1941 e (III) de 10 de maio de 1941. Estou remetendo em anexo estas cópias para você. Caso ache mais alguma remeterei posteriormente.
Mando também um convite para você alusivo ao lançamento do livro CÂMARA CASCUDO - 20 ANOS DE ENCATAMENTO, que estaremos lançando no próximo dia 26 de julho. Seria um prazer
a sua presença.
No mais, vou me despedindo, ficando ao seu inteiro dispor para o
que precisar.
Um  grande abraço                                                 
(ass.) Daliana Cascudo

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Esta ladeira,  é semelhante à LADEIRA DO SUSPIRO.
Hoje, lamento, não ter fotografado a pópria... voltarei lá,em  breve...
Caros leitores, na próxima postagem, publicarei  "Actas Diurnas:
Dendé Arcoverde (I)...(IN) SAGA DE UMA FAMÍLIA (III).
(Foto: "salva" no  google)









Estou indo, mas eu volto..........................um abraço!